terça-feira, 27 de julho de 2010

Minha segunda vez

Blog... a primeiríssima coisa que me vem à cabeça são aqueles diários de infância, aqueles estilo “Querido diário, hoje eu...”. Brega!
Em toda a minha história – e olha que, infelizmente, são quase três décadas de história - eu fiz apenas uma tentativa de escrever um diário, ou algo similar. Lembro-me direitinho, foi na quarta série do ensino fundamental (turma “A”, se bem me recordo), eu devia ter uns nove ou dez anos. Certo dia, avistei aquele caderno fofo na prateleira do supermercado e o coloquei no carrinho, sem consultar minha mãe, pra variar. Era em tons terrosos, meio marrom, meio “rosa antigo” (adoro) e tinha um ursinho desenhado no meio. As páginas tinham aquele cheirinho (brega!) de “coisas para meninas”.
Dotada de meu novo artefato, decidi por começar a escrever na segunda-feira, após o colégio. Empolgada, usei canetas coloridas para registrar que minha amiga X havia dito que gostava do menino Y. Empolgante começo, um furo de reportagem!
Já os dias seguintes...
Bem, eu não tinha muitas novidades concretas e passei a escrever qualquer coisa, só para dar continuidade à obra. Por isso, escrevia mais sobre o que estava pensando e sentindo no momento – ou seja, “desabafando”. O grande problema é que, posteriormente (pelo menos pra mim), tais registros muitas vezes perdiam totalmente o sentido e estavam revirados, do avesso.
Daí, a vergonha. Quanta baboseira! Que coisa mais idiota, confessar-se em um caderninho chulo....brega!
E esse foi meu próprio calcanhar de Aquiles no quesito diário: ficar cara a cara comigo mesma, uma pessoa não muito sentimental, que não gosta de blábláblá e que “tem mais o que fazer”. Impaciente. Mas foi uma experiência de autoconhecimento, se pensarmos pelo lado positivo.
Enfim, dias depois joguei o caderninho fofo fora e decidi viver minha vida sem registros escritos. Bem mais prático, não?
Aí surgiram os blogs, os diários eletrônicos... e veio-me à mente exatamente a mesma equação: diário + confissões = breguice.
Por isso, nunca tive um blog e sempre tive um pé atrás com aqueles que o têm.
Porém, contudo, no entanto... às voltas com minha possível formatura em Letras e pensando no porquê de ter gastado tanto tempo e neurônios nessa difícil empreitada (sim, é bem difícil, especialmente para quem, como eu, não tem o perfil acadêmico), a qual inicialmente não irá agregar valor (literalmente) na minha profissão de jornalista, resolvi dar uma nova chance ao texto livre.
Já tenho que escrever muito no dia a dia, seja no trabalho, seja em trabalhos e provas da faculdade. Mas é tudo cheio de regras, de limites, e tenho de segui-los - senão, posso perder o emprego e/ou ser reprovada.
Em suma, darei mais uma chance ao diário. Por precaução, vou procurar não falar de mim, e sim de quaisquer outras coisas.
Ainda com um certo receio, decidi colocar minhas iniciais como nome do blog, talvez numa tentativa de refugiar-me de meu próprio pré-conceito.
Vejamos, então, se o blog sobreviverá amanhã.

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